Por que o Ceará é Terra da Luz e berço da liberdade? Esta frase cunhada por José do Patrocínio, em uma conferência em favor da abolição, nos remete ao pioneirismo do Estado neste importante momento histórico que foi a libertação dos escravos, em 25 de março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea. Nosso Estado é muito mais do que a terra do sol, sendo protagonista e designado assim de berço da liberdade. Daí a sábia denominação do abolicionista. Motivo principal que me fez apresentar uma Emenda à Constituição Estadual, que altera o Art. 18 e consagra o dia 25 de março como Data Magna do Ceará. Iniciativa aprovada pela Assembleia Legislativa, em 2011. Este ano, pela primeira vez, poderemos comemorar este relevante fato histórico.
Essa atitude dos nossos antepassados, há mais de 100 anos, tem repercussão hoje, pois, devido ao fato histórico, Redenção é sede Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Cinquenta por cento de seus estudantes são de países de língua portuguesa, principalmente da África, berço dos escravos do Brasil que vêm para estudar, e não mais para ter a mão de obra explorada. Em 1º de janeiro de 1883, a Vila do Acarape, atual Redenção, emancipou seus escravos há menos de um ano antes da província do Ceará. Assim, Redenção é conhecida como Rosal da Liberdade.
Outro momento importante no processo de abolição no Ceará foi a participação dos jangadeiros que também aderiram ao movimento e, em janeiro de 1881, fecharam o porto de Fortaleza ao embarque de escravos. Eles eram liderados por Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde. O revolucionário mulato de Canoa Quebrada foi nomeado prático da Capitania dos Portos, convivendo com o drama do tráfico negreiro. A história registrou seu brado literário!
Não é à toa que o Palácio do Governo é denominado de “Palácio da Abolição”, o que mais uma vez nos remete à simbologia deste fato histórico. A abolição foi importante para a consolidação da diversidade do povo e da cultura brasileira. Representa não só um marco político, mas também social e cultural.
A capoeira, a umbanda, o candomblé e o maracatu são algumas heranças da cultura africana que fazem parte do nosso povo. Temos que nos orgulhar por sermos os pioneiros a libertar os escravos. É uma data de reflexão, pois, apesar dos avanços pela igualdade racial, ainda temos muitos obstáculos e preconceitos que devem ser superados por nossa sociedade. Para lembrar todos que lutaram pela abolição, nada mais justo tornar o dia 25 de março a Data Magna do Estado.
Creditos: Lula Morais
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